16.4.08

DE ACORDO?

Estamos de acordo com o acordo ortográfico?
Por mim, desde que li o Eça numa edição de 1905, fiquei vacinado. Tinha mais erros ortográficos do que um ditado do Parracho, o desgraçado papa-reguadas da minha Quarta Classe. Percebi que a edição era anterior às modificações de 1911. Escrever mãi ou mãe? pharmácia ou farmácia? chrónicas ou crónicas?
Ou, citando Carlos Reis (ver link para texto completo no final):
No Português que hoje escrevemos (repito: no de agora, não ainda no que virá depois do Acordo!), grafo “erva”, “herbário” e “ervanário”, ou seja, avanço e recuo, em palavras da mesma família etimológica, em relação ao uso ou ao desuso do “h” inicial; e o mesmo “h” desapareceu já em “desumano” (tendo persistido em “humano”), sem ofensa da etimologia, num acto de simplificação que aceitamos sem pestanejar. Mais: no Português actual, mantemos a consoante surda em “acto”, mas já a dispensámos em “contrato” e em “aflito” (antes, “aflicto”); perdemo-la em “prático”, mas conservamo-la em “eléctrico” ou em “ecléctico”. Escrevemos “pronto” (e já não “prompto”), mas parece que alguns resistem em passar a escrever “perentório” em vez de “peremptório”, usando ainda aquele “p” (que ninguém pronuncia) bem à vista. E abundam as homografias, tratando o contexto de desfazer eventuais confusões: escrevo “gelo” (substantivo) e “gelo” (do verbo gelar), sem necessidade de acento gráfico para sabermos onde está o “e” aberto e onde está o fechado; e “consolo” (substantivo) e “consolo” (“eu consolo”, do verbo “consolar”) e “colher” (de chá ou outra) e “colher” (verbo); e “acordo” (ortográfico, pois então) e “acordo”, como verbo (por exemplo: “acordo para as vantagens do acordo ortográfico”). E há o famoso hífen: insistimos nele nas formas monossilábicas “hei-de” e “há-de”, mas não fazemos questão nele em “havia de”.
Já aprendi a desconfiar de todas as ortodoxias pois cada época tem a sua.
Acho que a ortografia é uma questão eminentemente pragmática. Fazer dela um museu de etimologia parece-me desajustado. E gritar pelo purismo da língua em nome de 10 milhões de falantes, esquecendo os outros 240, acho irrealista.
Tentei perceber melhor o que estava em causa e encontrei os dois textos básicos das posições em confronto, da autoria de dois professores universitários de reconhecido mérito.
Partilho-os neste espaço, basta clicar:

Texto de Carlos Reis (a favor do acordo)
Texto de Vasco Graça Moura (contra)

10 comentários:

avelaneiraflorida disse...

Méon,

"brigados" por esta partilha!!!
Um tema que ainda fará correr muita tinta...

Com mais tempo virei ler estes textos que deixaste!!!

Azul disse...

Olá caro amigo. Basta não vir aqui um ou dois dias, para perder tanto do que connosco partilha. Obrigada pela vista de hoje. Desculpo-me por estar de passagem, e como tal, não poder comentar devidamente os seus últimos post's desde florença. Voltarei mais tarde.
para já, tenho novo texto no carmim, se quiser passear por lá. Um abraço para si. Até breve. azul.

de.puta.madre disse...

Quando vai ao brasil o melhor mesmo é falar INGLÊS!
Não é por adoptar a grafia do PORTUGUÊS da América-Latina que eles o vão perceber no seu PORTUGUÊS de PORTUGAL! Percebeu ou quer um desenho?
É! Eles abatem crianças de Rua, esta-me a dizer que devemos ABATER as Crianças da CASA PIA????????
Pois! 240 milhôes! Uma Sociedade civil que ficou entre o aplauso e o encolher de ombros, aquando do abate de crianças de rua ( Já se esqueceu?????). A comunidae Internacional ainda não! O que eles têm de melhor é mesmo estarem associados ao PORTUGAL! Nem a bola os salva!
240 milhões?? Não é argumento! É pretexto de BURRO!

LeniB disse...

Estive no outro dia a discutir este assunto com pessoas que conheces bem. Chegámos a um acordo: este acordo é mais político do que ortográfico, no nosso modesto entender. Contudo, considero que uma língua deva evoluir, sofrer alterações, modificações, que se ajuste mais aos que diariamente a falam.
Bjs

alcinda leal disse...

Cá por mim vou-me deixar "evoluir" com a Língua...
Com o decorrer do tempo, se continuar leitora e "escritora" irei,quase sem que disso me aperceba,usando a nova grafia...
Acho que a estranheza desaparece e com ela a resistência à mudança!

Patuxa disse...

oi moedas
o acordo ortográfico não é o meu ponto forte...eu é mais é números, como sabes!
mas aqui é a melhor via para entrar em contacto contigo!
quanto a andar dinamika...é simplesmente falso, meu querido e bom amigo! cada vez ando com menos vontade de fazer seja o k for naquela escola...ao longo do ano aconteceram coisas que me entristeceram muito...e não posso adiantar mais!
vou fazendo umas coisas cá por casa para me animar...porque ando mesmo muito, como diz o herman, "desacreçoada", a bem dizer, a modos que lixada, para não dizer uma coisa pior...
tenho, temos, saudades tuas!
tu sim, tinhas uma boa disposição constante!
a minha é muito irregular...é assim, quem bate mal do esférico tem altos muito altos e baixos muito baixos...mas vai-se sobrevivendo!!!
um grande abraço

Anónimo disse...
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Joaquim Moedas Duarte disse...

Obrigado aos meus amigos visitantes. Este espaço é uma esquina de encontros...
Há palavras de muito afecto, que me comovem.
E há palavras zangadas, a mostrar que o tal de "acordo" mói a cabeça a muita gente....
Mas... como dizia uma amiga: "Nada te turbe! Todo pasa!"( em espanhol, que será uma das nossas línguas oficiais em 2050!)

Anónimo disse...

E para sermos purinhos, purinhos vamos passar a escrever como o GRANDE Gil Vicente. Valha-nos o Santo Graça Moura, santinha conservadora.

Anónimo disse...

O povo portugues sempre a reclamar dos brasileiros.
O Brasil só é a "merda" que é hoje graças aos portugueses, que durante todo o período pré-independência sugaram todo o sangue do Brasil para garantir sua corruptividade nata.
Parem com essa hipocresia. Portugal tem é mesmo inveja da Terra Brasilis.