14.4.08

Quando em meu desvelado pensamento
O teu formoso gesto se afigura,
Não sei que afecto sinto, ou que ternura,
Que a toda esta alma dá contentamento.

Ali fico num largo esquecimento,
Contemplando na minha conjectura
Do teu sereno rosto a graça pura,
De teus olhos o doce movimento.

Porém logo a inconstante fantasia
Me acorda o entendimento arrebatado,
E desfaz todo o bem, que me fingia,

Sendo tal este gosto imaginado,
Que de Amor outra glória eu não queria
Mais que trazer-te sempre em meu cuidado.

Filinto Elísio
[Filinto Elísio nasceu em Lisboa, em 1734, de origens humildes. Foi ordenado padre, em 1754, e influenciado pelo arcadismo, e pelo iluminismo. As suas ideias liberais levaram a que a sua própria mãe o denunciasse à Inquisição, levando-o a exilar-se em Paris, em 1778. Aí conheceu o poeta Alphonse de Lamartine
A vida em Paris foi difícil, e teve que traduzir obras francesas para subsistir. As suas poesias foram publicadas, aínda em sua vida, em Paris, entre
1817 e 1819. Só depois da sua morte, as suas obras seriam publicadas em Lisboa, entre 1836 e 1840. ( Wikipédia)]

Imagem(C) Klint


3 comentários:

LeniB disse...

Há quanto tempo, Moedas, não lia nada do Elísio.
Parece que ficamos distantes destes homens quando nos sedimentamos no básico!
Uma óptima semana para ti, migo!

avelaneiraflorida disse...

Méon,

Palavras...????
Não. Sentires!!!!!!!

Joaquim Moedas Duarte disse...

Lenib:

è isso! Gostei que tivesses gostado!
Boa semana tb para ti


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Avelaneiraflorida

Pelas palavras chegamos à consciência dos sentires...