23.8.10


LITORAL OESTE - S. LOURENÇO


CANÇÃO SEXTA

Nós sabemos do mar a cor violenta
e o sal dentro das veias a latir.
O dia é uma ave lenta,
lenta voando sobre o Tejo. Até cair.

E nas mãos guardamos essa ave
que nos tinge de sangue o litoral.
A cor dos nossos olhos só a sabem
os que nascem aqui. Em Portugal.

Os que lutam às portas de Lisboa
respirando nas ondas e no tempo
este azul tão selvagem que magoa
as gaivotas prenhes pelo vento.

Os que tombam às portas da cidade
sobre um lençol de feridas e de fogo.
Sem nome. Sem culpa. Sem idade.
Que assim morrem os homens deste povo.

Joaquim Pessoa

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Revisitar este mar ao som da poesia de Joaquim Pessoa.
Preparar os trabalhos de Setembro. Definir objectivos, planificar tarefas, arrumar papéis que o Verão deixou em tumulto.
Dos dias que passaram ficam imagens fortes: Santa Cruz, o sol, o vento desabrido, as caminhadas no litoral, mãos dadas e gaivotas nos olhos. Os risos desatados dos nossos meninos, as vindas a Torres a garantirem presença necessária, o regresso ao ninho dos livros e da ternura quotidiana, a visita vibrante e calorosa de dois amigos do Sul.

A consciência de que nos é dada uma parcela afortunada da vida, ao mesmo tempo que milhões de seres sucumbem a desastres pavorosos.

3 comentários:

Unknown disse...

E dessa partilha a inolvidável memória!

De mãos dadas, SEMPRE!

Beijinho.

Lilá(s) disse...

Gostei da maneira positiva de como vê as férias quase passadas, vou seguir o seu exemplo, deixar para trás os lamentos de que "quase acabaram" e ver o tanto de bom que vivi...obrigada
Bjs

GS disse...

... uma gentil homenagem a todos os que partem 'desabridamente' :(

Mas, ao mesmo tempo, uma mensagem poética muito bela com Joaquim Pessoa!

Foi um prazer relê.lo!
Abraço,