20.6.11

IMAGENS DO MEU OLHAR - O Tejo e as memórias dos avieiros

Barraca na aldeia do Patacão de Baixo - Alpiarça
Em primeiro plano vê-se o dique de contenção das águas. A barraca foi construída do lado do rio

Patacão de Cima - Alpiarça


Finais do século XIX, primeira metade do séc. XX: pescadores da zona da Vieira de Leiria migram para o Tejo em busca de melhores condições de vida. Fogem da ferocidade do mar nos meses de inverno, e encontram no Tejo uma água quase sempre mansa onde pescam o sável, a fataça, a saboga, a enguia, o pampo, a lampreia. Dos grandes barcos de proa alta, indispensáveis para vencerem a temível rebentação da costa oeste, passam às bateiras esguias que deslisam no rio e se acostam à margem durante a noite. Com ela pescam, nela vivem. Mesmo de noite, onde os ramos dos salgueiros e um pano grosso fazem de tecto.
Mais tarde, quando as posses permitem, constroem "palheiros", barracas de madeira, à beira do rio, sobre estacas. Imitam as palafitas da beira-mar onde nasceram. Elevadas sobre estacas, os palheiros ( como os de Mira) resistem ao avanço das areias. À beira Tejo sobrevivem às arremetidas das águas nas grandes cheias que inundam a lezíria.
De Vila Franca até Constância, vários aldeamentos surgiram, quer nas duas margens do Tejo, quer nos seus afluentes, Almonda, Alviela e Vala de Alpiarça:  Escaroupim, Palhota, Porto da Palha, Patacão, Barreira da Bica, Touco, Porto das Mulheres... (Mais informações: AQUI.)

Alves Redol, atento ao mundo do trabalho, descreveu a vida destes pescadores no seu romance AVIEIROS, publicado em 1942. Viveu alguns meses na aldeia da Palhota ( concelho do Cartaxo), onde recolheu os dados necessários para esta obra que é hoje um testemunho sociológico de enorme importância para o conhecimento da Cultura Avieira. (Ver AQUI. )

Nos dias 17 e 18 de Junho pp decorreu em Santarém o 2º Congresso Nacional de Cultura Avieira, mais um marco na candidatura a Património Nacional, e agora também da UNESCO.
Dessa iniciativa em que tive o gosto de participar trouxe algumas imagens que partilho convosco.



Escaroupim: barcos junto junto aos salgueiros no Tejo


Antigo cais de madeira, na aldeia de Palhota


Forno de cozer pão, na Palhota



Casas palafitas na Palhota

Outra casa de pescadores


Placa evocativa de Alves Redol, na Palhota


Interior da casa onde viveu A. Redol. Uma foto dele,
por cima da miniatura de uma bateira

Bateira

4 comentários:

Andradarte disse...

Bela série de fotos.....
Abraço

Paúl dos Patudos disse...

Como eu conheço bem as primeira imagens , meu amigo! Junto a esta primeira casa exixte umas figueiras que dão uns figos espectaculares de tão doces .Por vezes dou um passeio até lá. É tão bonito o nosso Tejo! abraço conterrâneo

Paúl dos Patudos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joaquim Moedas Duarte disse...

Obrigado pelas visitas, Andrade e Ana Paula.

Sim, conheço essa figueira...
Mas não me atrevi a provar os figos.