26.8.11

LI, GOSTEI E PARTILHO


(Tirado d'AQUI)


A propósito de uma estranha doença que está a dar nos ricos( DD: "Doença de Dar") fui parar AQUI e diverti-me seriamente com o poemeto.
Na caixa de comentário encontrei este texto:

«Dois Prémios Nobel da Economia – Paul Krugman e Joseph E. Stiglitz – publicaram recentemente, no New York Times, análises convergentes em relação à crise norte-americana– artigos que o jornal El País do passado domingo reproduziu também, e que os responsáveis políticos da Europa deveriam ler com atenção. Que dizem eles? Dizem que o maior problema dos Estados Unidos não é o défice, mas o desemprego.

Stiglitz define a situação como «um vasto desperdício de recursos e um excesso de oferta de sofrimento». Krugman afirma que «o que estamos agora a ver é o que acontece quando as pessoas influentes se aproveitam de uma crise em vez de tratar de resolvê-la». Ambos apontam como solução para a crise uma política inversa da que tem sido seguida: dizem que os Estados Unidos deveriam estar a reconstruir escolas, estradas, e a tomar medidas agressivas de restruturação das dívidas familiares e de refinanciamento das hipotecas – ou seja, a agir de modo a provocar crescimento económico.

MATAR em simultâneo o investimento público e o consumo privado através da proletarização acelerada da classe média conduz ao agravamento da recessão e a um deses- pero social de consequências imprevisíveis. Por mais voltas que queiramos dar, e por mais discursos que façamos sobre os míticos e abstractos «valores» perdidos, a violência nos subúrbios de Londres resulta de um compacto de ausência de esperança e da ideologia neoliberal do «cada um por si». A substituição da economia material pela realidade virtual, especulativa e ingovernável, do mundo financeiro, foi a causa da crise profunda iniciada em 2008 – e já se sucederam desgraças suficientes para se perceber que o remédio não está na insistência em vergar as populações ao dinheiro até à insuportabilidade.

A inflação não é a encarnação do demónio. A consolidação financeira, autêntico bezerro de ouro dos tempos actuais, não se atinge espezinhando e escravizando o povo. São coisas simples, estas que economistas sérios e sábios vêm lembrar – e provam-no, com contas e com a História da Economia que a nossa época desmemoriada tende a ignorar. Krugman lembra que quando alguém está a sangrar precisa de um médico que lhe estanque a ferida, não de um doutor que lhe dê lições sobre a importância de um estilo de vida saudável. E acrescenta: «Quando milhões de trabalhadores capazes estão no desemprego, e se desperdiça o potencial económico ao ritmo de quase um bilião de dólares por ano, queremos políticos que procurem uma recuperação rápida em vez de gente que nos sermoneie sobre a necessidade da sustentabilidade fiscal a longo prazo».

Em sintonia com esta visão surge Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo que, também no New York Times, no passado dia 15, escrevia um artigo intitulado «Parem de mimar os super-ricos». Buffett recorda que, entre 1980 e 2000, os impostos sobre a riqueza eram mais elevados e foram criados 40 milhões de postos de trabalho; a partir de então, as taxas sobre a riqueza baixaram e a criação de emprego também – o que derrota a teoria segundo a qual impostos elevados enxotam os investidores. Buffett avisa:«Os meus amigos e eu já fomos suficientemente mimados por um Congresso amigo dos bilionários. É já tempo que o nosso Governo se torne sério quanto ao sacrifício partilhado».

Esperemos que o Governo português ouça estes alertas e reflicta sobre eles, de modo a corrigir a actual política de castigar para lá de todos os limites os rendimentos do trabalho e proteger escandalosamente os rendimentos do capital. Parem de mimar os super-ricos – e depressa.»

Inês Pedrosa no SOL

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