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Publicado em 2006, em França, saiu cá no ano passado. Ensaista, jornalista, filósofo, dinamizador de movimentos sociais de carácter humanista, o autor decidiu fazer " uma viagem pela América profunda, seguindo os passos de Tocqueville", o autor de "Da Democracia na América", livro ainda hoje fascinante apesar dos seus 170 anos de existência (1º vol: 1835; 2º vol:1840).
Folheio de novo esta "Vertigem Americana" e percebo melhor o fantástico momento vivido pela América com a vitória de B. Obama.
Queiramos ou não, de uma forma ou doutra, todos somos americanos. Porque eles também são europeus e a velha ideia do "Ocidente" é uma realidade histórica insofismável. Por isso estamos também a viver a euforia do final da era Bush - esse homenzinho ignorante que salteou pelo mundo durante oito deploráveis anos.
Bush e Obama são as duas faces dessa América vertiginosa. Mas que nação não tem duas faces? Veja-se o Norte e Sul em Portugal - que José Mattoso tão bem explica no Vol. I de "Identificação de um País". Na América, as zonas urbanas versus zonas rurais, interior / litoral, que se verificou tão expressivamente na vitória de Obama.
Nos anos 60 a esquerda repudiava a "american way of life" e pautava a apreciação da política internacional pela bitola de um anti-americanismo primário. Hoje predominam as visões de síntese - mais inteligentes, sem dúvida - que não dividem o mundo entre bons e maus. E percebe-se melhor como todos temos a ver com o destino de todos.
Há uma esperança irracional naqueles que vitoriam Obama como o salvador do mundo, que ele nunca poderá ser. Mas a mudança era necessária e com ele talvez regresse a prática da diplomacia multilateral, essa sim, esperança para todos nós, cansados da política de mão no gatilho da era Bush.
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