7.11.10

Hopper: Morning-sun


Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a tua alma.

És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.

Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma.

Pablo Neruda,
in "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada"

2 comentários:

Lilá(s) disse...

Lindo, como só Pablo Neruda sabia.
Bjs

Unknown disse...

Méon,

Sabem tão bem as palavras de NERUDA!!!!

Sabem a carinho, a proximidade, a AMOR!

Beijinho.