15.7.08

T E R N U R A



Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
(David Mourão-Ferreira)

6 comentários:

Elsa Martinho disse...

São lindíssimas estas palavras.
Bom gosto nas escolhas, vizinho.:)

Um abraço

Xantipa disse...

LOLLL! Lindo!
O humor de DMF é espantoso!
As minhas colegas que foram alunas dele adoravam-no!
:)
Beijinho

Mocho Falante disse...

Gostei deste espaço, parabéns

avelaneiraflorida disse...

Méon,

DMF é um poeta da ternura...

Que ela perdure no teu dia!

Beijinho.

Joaquim Moedas Duarte disse...

Avelã:

A ternura é o pão da alma. Sem ela morro!

Paula Raposo disse...

Adoro David Mourão-Ferreira!! Óptima escolha...beijos.