Esplanada
Naquele tempo falavas muito de perfeição
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão.
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro de mim.
O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas inúteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
Naquele tempo falavas muito de perfeição
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão.
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro de mim.
O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas inúteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
Eduardo Prado Coelho, no livro A POESIA ENSINA A CAIR:
"Manuel António Pina é certamente um dos nomes fundamentais da actual literatura portuguesa."
"... parece-me um dos autores contemporâneos que mais explicitamente parte de Pessoa."
1 comentário:
Belíssimo!
Parabéns ao Manuel António Pina pelo Prémio Camões. Há muitos anos que conheço a sua escrita no Jornal de Notícias e na Notícias Magazine, mas confesso a minha ignorãncia quanto à sua literatura maior.
Como dizes em baixo: "Ainda bem que há prémios literários..."
Um abraço.
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