Sou agnóstico mas admiro profundamente o Padre Américo e a sua Obra da Rua. Desde miúdo que conheço a sua escrita. Em casa dos meus pais recebia-se, mensalmente, o jornal da obra, O GAIATO. E a acompanhá-lo vinham, com frequência, livros com textos do P. Américo. Além do mais, escrevia admiravelmente: estilo simples, directo, despojado, tenso.
Hoje peguei casualmente num deles: "Isto é a Casa do Gaiato", 1º vol. 3ª edição, Editorial da Casa do Gaiato Paço de Sousa, 1985. Páginas de uma simplicidade e intensidade comoventes.
"Eu moro numa cabana aqui na mata. Fugi da Aldeia. O Bernardino, de Coimbra, é o cozinheiro. O Carlos, de Tábua, é o comensal, por doente. O Bernardino foi um que há tempos roubou e fugiu; e a meio do caminho arrependeu-se e voltou a pedir perdão; e agora comemos juntos e dormimos na mesma cabana!
O Chico, de Casaldelo, aparece por aqui, às vezes, para ouvir música. «Tanta coisa linda que a gente aqui ouve!» É porventura um rádio na cabana? Oh desgraça se tal fora! O Chico aprecia outra música: o silêncio da floresta com os acordes de passarinhos e bichos nocturnos. «Tanta coisa linda!» Eis do que ele gosta.
Quando é que o mundo há-de regressar a estes gostos, os mais consentâneos com o nosso espírito - quando?! Se não fossem próprios do homem, não gostaria deles esta criança. Amo esta criança por ela amar as coisas eternas! O silêncio! «Tanta coisa linda!» A alma dele é que é linda!
2 comentários:
Olá
venho retribuir a visita que fez ao meu espaço, a porta está sempre aberta a quem vier por bem.
Vejo que tem a mesma idade do meu irmão Mário ( que foi fuzileiro e esteve em Angola).
se esteve em Alpiarça até aos 18 anos, provávelmente conhecem-se.
Gostei de passear pelo seu blog e voltarei de certeza.
Fique bem
Ana Paula, uma alpiarcense
Já vi que parou aqui. Obrigado.
A visita ao seu Paúl ajudou-me a rever lugares conhecidos, onde volto sempre que posso. Há muitas imagens, abundam os pormenores das flores, mas também há paisagens.
Não sei se há mais blogues de e sobre Alpiarça, apenas vi o João Moita. Se houver, agradeço que informe.
Saudações conterrâneas
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