4.3.11

CARNAVAL

Muita gente não gosta, detesta até. Já passei por isso. Quando vim viver para Torres fugia de cá nestes dias. Depois os filhos cresceram, vieram as brincadeiras de escola, os concursos de máscaras, a pressão para levá-los ao Corso. E acabei por ficar apanhado. Percebi a imensa carga de transgressão que percorre as ruas nestes dias. Homens de grande empáfia e soberba, via-os em trajes inesperados, a brincarem como crianças grandes. A Pandilha percorria os bailes das colectividades e fazia crítica social e política. Os carros alegóricos transformavam os políticos em palhaços, os mascarados desafiavam-se em fantasias imaginosas, e as matrafonas gozavam com o sentido social da feminilidade. Um dia dei por mim a passear num dos Corsos com a minha filha vestida de Robim dos Bosques e eu, de pijama às riscas e um grande nariz de papelão. Apanhado.

Diz-se que está na massa do sangue dos torrienses. Não sei, nunca lhes fiz análises de laboratório. Mas os sintomas devem ser os que eu vejo por aí. Hoje, por exemplo. Na Escola Secundária Madeira Torres vi centenas de jovens numa brincadeira pegada, com dezenas de professores, num convívio fantástico, com crítica e sentido de observação, sem uma nota de mau gosto. Foi o Concurso de Representações, com toda a escola envolvida e a participação dos Reis do Carnaval de Torres e da respectiva Confraria. Uma manhã de alegria esfusiante.
O vídeo que coloquei no youtube diz um pouco o que aquilo foi...

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