4.3.08

A QUESTÃO DOS PROFESSORES


Do blogue do Paulo Guinote permito-me transcrever este curto texto de um jornal de hoje e que diz o essencial para quem ainda tenha dúvidas...

A Questão dos Professores

A contestação dos professores ao Ministério da Educação e à Ministra da Educação está ao rubro.Esta não despontou de súbito, nem o mal estar da classe docente deriva exclusivamente das políticas deste Ministério da Educação.Sucede apenas que Maria de Lurdes Rodrigues e sua equipa exacerbaram exponencialmente o mal difuso e a hostilidade larvar que sempre opôs os docentes ao Ministério da Educação. Quem semeia ventos, colhe tempestades, diz o provérbio, e Maria de Lurdes Rodrigues teve o condão de agitar por demais os já procelosos mares da educação.Desde há décadas que um mal estar larvar afecta a relação que a classe docente tem com o Ministério da Educação. Não se trata só, como tantos afirmam, de uma questão corporativa.Este mal estar deriva de, desde há décadas, o Ministério da Educação usar os professores como bode expiatório para os problemas complexos que afectam as políticas de ensino em Portugal. A situação era e é tanto mais paradoxal quando, ao excesso de zelo do Ministério da Educação face a avaliação dos professores, correspondia e corresponde uma total falta de seriedade no tocante à apreciação das “notas” dos alunos.Não deixa de ser sintomático que no debate “Prós e Contras”, de 2ª Feira passada, o “especialista” tenha trazido ao debate a questão da progressão automática dos discentes. Claro que a progressão automática dos alunos, para quem percebe de educação, não significa que estes não sejam avaliados, mas não deixa de espelhar as contradições de sucessivas políticas educativas que, desesperadas por resultados céleres em termos de sucesso escolar, multiplicam medidas que na prática visam facilitar a progressão automática dos alunos.A condensação, em breve espaço de tempo, de três leis, a Avaliação do Desempenho Docente, o Estatuto do Aluno e a Gestão Escolar, todas a exigir a meio do ano lectivo, profundas modificações no trabalho dos professores, para mais ligadas a uma exagerada nova carga burocrática, com prazos de aplicação escassíssimos, tiveram o condão de exacerbar o já acrescido mal estar docente, e estimular a sua salutar reacção de contestação a tais medidas.A conjuntura foi ainda mais agudizada pelo facto de as exigências do Ministério de Educação para com os professores não serem aplicadas de forma igual a si mesmo. Uma série de medidas, de que dependida a Avaliação do Desempenho Docente, e que eram da responsabilidade do Ministério da Educação, simplesmente não tinham sido implementadas, ao mesmo tempo que se exigia a cumprimento dos prazos estabelecidos para os docentes.Foi o gota de água. O Estado e as entidades estatais não podem exigir que os cidadãos cumpram as leis, se ele mesmo as não cumpre. A contestação larvar dos docentes ao ministério extravasou das salas de professores e tornou-se publicamente ampla.
António Paulo Duarte(publicado no Noticias da Manhã, nº 813, 4 de Março de 2008

2 comentários:

avelaneiraflorida disse...

Méon,

o problema é que alguns profissionais da educação, ou pretendendo sê-lo, também "arranjam" dúvidas,,,
Quanto ao texto, mais uma vez, "BRigados" pela partilha!
DIA BOM!!!

Anónimo disse...

Com a demonstração de força que já demos no dia 8 de Março aguardemos ainda mais recuos por parte deste Ministério autista.
Cumprimentos