11.6.08

Não pode!!!


De tirar a respiração !
Ontem foi dia de alongar os olhos. A máquina fixou esta imagem, os olhos perderam-se lá longe, o coração bateu pela terra onde crsci. Lá está ela, do lado esquerdo, já perto da linha do horizonte... Alpiarça!
Como descrever tanta beleza? Lembrei-me de um texto do velho professor que gosta de mostrar Portugal:

As Portas do Sol são um daqueles lugares predestinados, irrepetíveis, que, vistos uma vez, não se esquecem mais. Mal sei encontrar as razões do encantamento: é a lonjura, a luminosidade, um imenso sentimento de paz que vem do predomínio das linhas horizontais. Mas não é só isso, e o que falta dizer é o essencial, mas é indizível. Há uns anos acompanhei amigos meus do Rio de Janeiro e levei-os até ao parapeito da muralha. A forma como exprimiram a emoção quase me surpreendeu: «Mentira! Não pode!» O que é que é mentira, o que é que não pode, quis eu saber. Um lugar não pode ser tão belo, era o que estavam a dizer. Lembrei-lhes as paisagens emocionantes do Rio visto do Corcovado ou da Urca: « É outra coisa. Lá a gente sente-se perdida, aqui é o mundo que fica dentro de nós.»
E é verdade. Nas Portas do Sol não cabem as palavras fortes: abismos, imensidões, vertigens, tudo isso fica errado aqui. Vêm antes ao espírito versos desgarrados de sonetos de Camões: alegres campos, verdes arvoredos, leda serenidade deleitosa, num jardim adornado de verdura…


[José Hermano Saraiva in: Itinerário Português – O TEMPO E A ALMA, Gradiva, Lisboa, 1987]
Foto (C) J. Moedas Duarte

10 comentários:

avelaneiraflorida disse...

Méon,

e a terra e o rio alongaram-se pela tarde!!!!!
O verde, as cores do sol findando o dia...a mãe Natureza oferecendo a sua vivência aos olhares de quem a quer ver!!!!

carneiro disse...

Eh lá...temos, para já, 3 coisas em comum:

1. A Adrianita
2. Também ontem passei nessa ponte de bicicleta (e no Domingo também)
3. E A Um Deus Desconhecido...

Como percebe, é apenas o pretexto para retribuir a gentileza das palavras que deixou lá na minha 'Tasca?.

LeniB disse...

por momentos senti saudades da minha terra: Covilhã, apesar de não ter lá ninguém...mas tenho na santa terrinha - Donas
bjs

Joaquim Moedas Duarte disse...

Lenib:

"Donas"! Ando há séculos para conhecer essa famosa terra, uma prima minha vai lá com frequência por motivos familiares e fala-me muito nela.
Fica mais longe que o meu Ribatejo, não é?...

Joaquim Moedas Duarte disse...

carneiro:

Gostei muito que tenha desmontado da "bicicla" e parado um pouco para um dedo de conversa. Estragou a média mas... valeu a pena.

Coisas engraçadas, né?
Pedale sempre por aqui, gosto da cor da sua camisola! E cuidado com as bestas que andam na estrada em cima dos camiões...

Anónimo disse...

com que entao foste matar saudades do ribatejo ou foste da lo a conhecer a alguem especial....

Joaquim Moedas Duarte disse...

ó anónimo!

Como é que posso responder-te?
Vê lá se arranjas um nome qualquer...
Gosto das visitas mas...

Anónimo disse...

entao vou ser a didinha pode ser mano meon?

Joaquim Moedas Duarte disse...

Olá Didinha!
Gosto de te ver por aqui...
Bjks

Anónimo disse...

dias atrás, tentei deixar aqui um comentário. fui impedida pela instabilidade da net.
voltei...
bela postagem!
o sentimento traduzido em palavras me trouxe lembranças, não de um lugar, mas de um tempo, que ficou perdido em algum momento do passado. tão distante quanto Alpiarça, quase na linha do horizonte.
parabéns, méon... e quando puder, venha ao brasil, tenho certeza que vai amar nossa terra.
um abraço da marta...