5.10.10

HONRA E GLÓRIA



Retrato a óleo, autoria de Asterio Mananoz, 1913



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Nasci em Alpiarça, terra onde viveu José Relvas, e desde miúdo que ouço falar dele. A sua Casa dos Patudos foi o primeiro museu que visitei. E se a distância geracional e um certo preconceito anti-aristocrático me afastaram dele, agora, aos poucos, tenho vindo a reconhecer a dimensão deste homem.

Li a suas "Memórias Politicas", publicadas em 1977; o belíssimo Catálogo da Exposição que lhe foi dedicada em 2008, na Assembleia da República, com o título "O Conspirador Contemplativo"; e mais recentemente a não menos bela "Fotobiografia" de José Raimundo Noras, Imagens & Letras, 2009.

 Arreigou-se, assim, no meu espírito, a convicção de que José Relvas foi um dos maiores vultos da 1ª República cujo perfil é necessário conhecer melhor. Não se pode entender o 5 de Outubro sem ler as páginas pormenorizadas que ele escreveu, as opiniões sensatas sobre os muitos intervenientes, as críticas e censuras que expendeu. Recorde-se que J Relvas escreveu as Memórias com o intuito de que só fossem publicadas depois de 1990, na intenção clara de não  magoar vivos nem descendentes próximos nas apreciações que sentiu dever fazer.
Foram publicadas em 1977, pelo critério aceitável de que já muito tempo passara e não se desvirtuava a intenção do autor.

José Relvas foi talvez o homem que mais arriscou nos dias da Revolução. Tinha mulher e três filhos, uma casa magnífica, acabada de construir,  grandes propriedades agrícolas, ascendência aristocrática. Porque se meteu nesta aventura?
É aqui que deixo o repto: conheçam melhor este homem e a sua vida. Encontrarão os traços de um carácter recto e impoluto, e também a marca de uma tragédia familiar que o não derrubou - nenhum dos filhos lhe sobreviveu.
E depois vão até Alpiarça conhecer o extraordinário legado que lá deixou.
Hoje, 5 de Outubro de 2010: honra e glória a José Relvas!.




José Relvas, membro do Directório republicano, proclama a República na varanda da Câmara Municipal de Lisboa

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