10.10.10

PASSEANDO NO OESTE

O caminhante levantou-se cedinho, foi à janela e viu a manhã romper com céu limpo. Na rua já passavam carrinhas com caçadores mas a caça dele era diferente: paisagens, aldeias, ruralidades diversas. Imagens do olhar.
Entrou na Rota da Luz com mais duas dúzias de companheiros, alguns deles vindos de longe. Andar a pé. Caminhar. Sentir a variedade de pisos, ora terra batida e endurecida de caminhos novos, ora as quelhas barrentas e enlameadas. Caminhos de pé posto ou veredas de acesso às vinhas. Caminhar, olhar, cheirar, ouvir. Os citadinos regressam aos contos dos avós, redescobrem as rugas no rosto de antigas aldeias, param a tomar a temperatura destes ares inesperadamente luminosos.



Um percurso de 23 km,  com paragens para abastecimento e logística pesoal...
Ponto de partida e de chegada: Carvoeira, sede de freguesia do concelho de Torres Vedras. Passagem por Aldeia de Nª Srª da Glória, Serra de S. Julião, Curvel, A-da-Rainha, Carreiras, Almagra e Zibreira. Organização da Associação de Marchas e Passeios do Concelho de Torres Vedras.






Igreja de Nossa Senhora da Luz, Carvoeira. 
O inesgotável ouro do século XVIII, a semear templos como este.

Uma cumeada! Descobrir o vale que vai de Matacães  à Zurrigueira!
Beleza paisagística inversamente proporcional à fealdade dos topónimos... 



A bica de água da Serra de S. Julião. Fresca, fresca! 

O velho choupal dos Cucos pintado de outono, a fechar o regresso. Ah!


Nem de propósito: alguém me envia excertos de uma entrevista de Gonçalo Ribeiro Teles ao Público de hoje. Palavras sábias sobre o mundo rural, que me encontram mais desperto para esta realidade. Hoje, que calquei caminhos diferentes, ao sol e à chuva, mais próximo desse mundo distante que esqueço tanto mas de que tanto dependo e necessito.

"O mundo urbano não vingará se não tiver o equilíbrio e a contrapartida do mundo rural. E o mundo rural não é exclusivamente uma coisa de passarinhos ou de flores ou de um charquinho aqui e outro ali para defender as rãs. É toda uma coesão tão importante como a coesão do edificado".



"[Os principais problemas são] o desconhecimento da nossa paisagem pelos responsáveis. E a pouca importância que dão ao desenvolvimento rural por considerarem que é uma coisa para acabar"


"O mundo rural não é uma forma técnica de explorar o solo, mas uma forma cultural do uso da terra que se procura na perpetuidade, para que não surjam modas que façam desaparecer todo o resto. É um mundo de cultura, de conhecimento e que, portanto, é necessário manter e desenvolver (...) O problema é os políticos terem-se fartado das pessoas do campo"

4 comentários:

Anónimo disse...

Bonitas fotografias!"Invejo" a boa forma e a disposição do meu amigo.
Gostei da frase/sentimento "O mundo urbano não vingará se não tiver o equilíbrio e a contrapartida do mundo rural."

Unknown disse...

Méon,

INTENSO sentir!!

Uma caminhada que nos faz adentrar no coração da Mãe Natureza!!!!

Esforço de um heróico caminhante!!!!!!

E as palavras sábias de alguém que mantém o respeito pela ruralidade no que a torna perene para a vida humana.
Pena que não sejam atentamente discutidas...

Beijinho.

Unknown disse...

Méon,

INTENSO sentir!!

Uma caminhada que nos faz adentrar no coração da Mãe Natureza!!!!

Esforço de um heróico caminhante!!!!!!

E as palavras sábias de alguém que mantém o respeito pela ruralidade no que a torna perene para a vida humana.
Pena que não sejam atentamente discutidas...

Beijinho.

Joaquim Moedas Duarte disse...

Olá, Avelã!
Obrigado pela visita.

Não se é herói por andar a passear por sítios tão bonitos, por mais que sejam os kilómetros. Muito mais herói é quem fica em casa a tratar de pessoas dependentes e não perde o sorriso...

Beijinhos!