17.10.07

******* POEMAS DE MÃO EM MÃO *******


LEMBRANÇA


Quem olha para trás volta a cabeça...
- No lago, o barco de papel não anda;
O teimoso menino que o comanda
Sou eu ainda, embora não pareça.


O sol que em mim agora dá
Não brilha tanto, já.
- Contudo, o mesmo sou
Que no jardim brincou
Ao jará...


Afasto os olhos húmidos do lado
Desta lembrança, quase diluída;
Volto a cabeça... e eis-me de novo, à vida:
- Pássaro morto que voa empalhado!




O sol que em mim agora dá
Não brilha tanto, já.
- E eu a julgar que ainda sou
O mesmo que outrora cantou:
"Giroflé - Giroflá..."




(Carlos Queirós, 1907-1949)

5 comentários:

avelaneiraflorida disse...

Sim o Giroflé, giroflá , o jogo do lenço, a macaca, o avião , a cabra -cega, o pião, a mamã dá licença, os jogos de bola trapeira, os carros de rolamentos, as bonecas de trapo....

Estão dentro de nós!!!! Estarão sempre!!!! Não fechemos as janelas!
Deixemos o sol entrar e reacender-lhes as lembranças!!!!
POr instantes, estaremos do outro lado do espelho e seremos outra vez MENINOS!

Maria Faia disse...

Jogos simples mas essenciais a uma linda infância já vivida. Por vezes passeio num jardim em cujo espaço há um jogo "da macaca" desenhado e, ainda hoje pego "num telho" ou numa pedrinha e lá vou eu saltar um pouco, jogando à macaca mesmo que sózinha.
Ainda hoje, de quando em vez, sou menina...

Que bom sentir o sol entrar, sentirmo-nos vivos e com memórias que, de tanto nos ensinarem a caminhar, guardamos com carinho redobrado.

Um abraço Amigo.
Maria Faia

SILÊNCIO CULPADO disse...

Quero informar que Alda Inácio do blogue Crítica & Denúncia, do Brasil, nos propôs,em resultado da "concentração" de ontem no Notas Soltas, criar um blogue universal com um banner para os nossos blogues. Estou em contacto com ela para ver como nos articulamos. Conto contigo para este passo que penso ser de alguma importância e que poderá ser o início de outros que podemos dar. Todas as colaborações são poucas e indispensáveis por isso, se puderes, colabora com as tuas sugestões e ofertas de disponibilidade. É preferível fazermos pouco a nada e, pior ainda, ficarmos parados.Recebem-se sugestões em Silêncio Culpado.
Um abraço

Rhiannon disse...

a mesma que outrora cantou "Josezito já te tenho dito ..." , assim quero crer.

Maria Lisboa disse...

“Infância mesmo
a gente só pode ter
depois de crescer.
Porque antes
a gente não sabe.”

JG de Araujo Jorge

Quantas vezes esta é a verdade da nossa infância. Na ânsia de se crescer depressa, de querer "ser grande" e fazer como os grandes", quanto perdemos daquele tempo tão precioso em que podemos ser crianças.

Para relembrar esses tempos, tenho ido colocando umas coisitas neste meu cantinho (que, simultaneamente, vou tentando passar aos meus alunos na escola):
http://ruadatradicao.blogspot.com/

PS: Méon, estive tanto tempo sem lá ir (afectada por uma doença chamada "milusite aguda" deixei de lado coisas de que gostava - decidi que não vou deixar que essa doença tome conta de mim! ;)) que só agora vi que me deixaste uma nota a dizer que me ias "roubar" a bola trapeira. Fizeste bem... é preciso divulgar estas nossas lembranças, perdidas que estão no meio do plástico e da electrónica.