TEMPO
O tempo é um velho corvo
de olhos turvos, cinzentos.
de olhos turvos, cinzentos.
Bebe a luz destes dias só dum sorvo
como as corujas o azeite
dos lampadários bentos.
E nós sorrimos
pássaros mortos
no fundo dum paul
dormimos
Só lá do alto do poleiro azul
o sol doirado e verde,
o fulvo papagaio
(estou bêbedo de luz,
caio ou não caio?)
nos lembra a dor do tempo que se perde.
Carlos de Oliveira (1921 / 1981)
2 comentários:
Carlos de Oliveira...sim!
ele compreende o turvo da noite...
Redescobrir este autor! Morreu há 26 anos mas a sua escrita está actualíssima. Porque ele a depurou até à exaustão.
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